sábado, 22 de dezembro de 2007

Notícia!


Olá a todos que lêem e curtem a AT. Estamos aqui com uma notícia que,não é bem notícia.Na verdade é uma entrevista feita pela revista Henshin(quem não sabe ela é publicada pela editora JBC) em comemoração aos 40 anos da série Ultra Seven.Vamos aos detalhes.


Para comemorar os 40 anos de Ultra Seven, o site Henshin traz de volta uma entrevista exclusiva o ator japonês Koji Moritsugo, que viveu o alterego do herói, Dan Moroboshi, na série clássica dos anos 60, em Ultraman Leo da década de 70, as minisséries dos anos 90 e, mais recentemente, no longa Ultraman Mebius & Ultraman Brothers de 2006.

Koji Moritsugo, cujo nome verdadeiro é Kouzou Moritsugo, nasceu em 15 março de 1943 na ilha de Hokkaido, no extremo norte do Japão. Ele começou a carreira artística em 1965, na novela Seishun wo Butsukero. Em 1967, passou a viver Dan Moroboshi no mega sucesso Ultra Seven e, desde então, mora na área de Shonan, na província de Kanagawa. Koji, que atualmente vem se dedicando mais ao teatro, recebeu a equipe da Henshin em seu bar temático – que, como não poderia ser diferente, tem como tema o herói da Nebulosa M-78 – para um descontraído bate-papo.


Henshin: Como você foi convidado para fazer Ultra Seven?


Koji: Na época, a Tsuburaya era ligada à Toho e os atores que trabalhavam nas produções da Tsuburaya eram quase todos de lá. Por exemplo: Su-sumu Kurobe, que fazia o Ultraman, e Kenji Sahara, que fez Ultra Q. Quando decidiram fazer o Ultra Seven, não encontraram no elenco da Toho ninguém com as características necessárias para o papel. Como o título original da obra era Ultra Eye (Ultra Olho), precisavam de uma pessoa com um olhar penetrante, que tivesse um ar misterioso, já que o personagem era de outro planeta. Eu estava fazendo uma novela chamada Tenka no Seinei para a Kokusai Houei e parece que alguém da Tsuburaya esteve lá assistindo às gravações. Foi então que vieram me falar desse novo projeto que já tinha tido seu nome mudado para Red Man.


Henshin: E por que o projeto mudou de nome?


Koji: Existiam dois projetos, o Red Man e o Ultra Eye. A combinação dos dois resultou em Ultra Seven. Na verdade, esse era um projeto completamente independente de Ultraman. Inicialmente ele não era da Família Ultra. Em O Regresso de Ultraman, decidiram que seria bom e traria mais audiência para o programa se o Ultra Seven fosse agregado à Família Ultra.

Henshin: Por que o episódio 12 – que foi exibido no Brasil – foi censurado no Japão?


Koji: Ele se chamava “Hibaku Seijin” (O Alien Hibaku). Hibaku é a palavra japonesa que denomina as vítimas da bomba atômica. O episódio foi feito no final de 1970. Nas duas primeiras vezes que o seriado foi ao ar, ele foi exibido. Acho que foi um ano mais tarde, por causa da pressão da imprensa, que a Tsuburaya passou a desconsiderar o episódio. Sei que no mercado negro existem fãs que pagam até 50 mil ienes (mais ou menos 27.589,25 reais, hoje em dia) por uma cópia. Acho que a Tsuburaya deveria relançar esse episódio oficialmente. Faria um sucesso tremendo. Todos querem vê-lo. Na verdade, a história é muito boa. Dan diz coisas ótimas no final do episódio sobre a paz mundial. A mensagem é mais ou menos assim: não sou desse planeta, mas tenho tentado a todo custo manter a paz e vocês, humanos, também deveriam fazer isso.


Henshin: Como foi a sua participação no episódio Quando Brilha a Estrela de Ultra (em O Regresso de Ultraman)?


Koji: O seriado O Regresso de Ultraman foi ao ar em 1971, creio. Foi a nova série depois que acabou o Ultra Seven. Eu participei já como irmão de Ultraman e de Ultraman Jack. Foi a partir daí que passou a existir a Família Ultra. Acho que a história mudou bastante depois desse episódio, mas acredito que funcionou bem. Às vezes penso que a história ficaria melhor explicada se o Ultra Seven também fosse Ultraman Seven ou algo assim. O Ultra Seven acabou um pouco fora do padrão da Família Ultra, até pelo próprio nome.

Henshin: Você chegou a vestir a roupa do Ultra Seven na série?


Koji: Não. A partir do momento em que Dan se transformava era um dublê que fazia as cenas. Havia toda uma equipe de live-action que era completamente independente do elenco da série. Eles faziam toda a produção da parte que envolvia efeitos especiais e cenas perigosas. As gravações eram se-paradas. Como toda a parte de efeitos e live-action era feita em outro departamento, às vezes eu nem sabia com que tipo de monstro estava lutando.


Henshin: Você assistia aos episódios depois de prontos?


Koji: Depois de prontos sim, mas muitas vezes nem tinha idéia de como ficaria o produto final.

Henshin: Você havia assistido a Ultraman antes de fazer o Ultra Seven?


Koji: Quando ficou decidido que eu faria o papel de Dan Moroboshi, eles ainda estavam terminando de gravar a série Ultraman, então fui assistir para ter uma idéia de como seria Ultra Seven.

Henshin: Você gostava de Dan Moroboshi?


Koji: Na verdade não era uma questão de gostar ou não gostar do papel ou do seriado. Achei que era uma grande oportunidade e decidi aceitar o trabalho por um ano. Na verdade, poderia ter sido um outro seriado qualquer, mas como o papel que me ofereceram era o de protagonista da série Ultra Seven, acabei aceitando. Acho que na época eu aceitaria qualquer papel desde que fosse o protagonista de algum programa. (risos)


Henshin: É verdade que você chegou a “temer” usar uma roupa tão berrante quanto as da Patrulha Científica em Ultraman?


Koji: Não. Eu era novato e nem poderia me manifestar a respeito. É claro que também pensávamos: “será que o nosso uniforme vai ser assim tão chamativo?” Mas ninguém diria isso. Foi Koji Nakayama, que fazia o papel do Capitão Kiriyama, que disse que não usaria uma roupa tão extravagante. Ele achou que um uniforme mais discreto seria mais apropriado. Quando o uniforme ficou pronto, todos ficamos felizes por ser diferente da Patrulha Científica.

Henshin: Qual foi a participação de Eiji Tsuburaya na série?


Koji: Ele participava das edições, mas não da produção em si. Pessoalmente, não trabalhava muito com ele. É claro que nos encontramos algumas vezes e tiramos fotos juntos, mas não era um trabalho direto e diário. Como ele sempre participava das edições, acredito que quando fui escolhido para o papel foi com o consentimento do senhor Eiji. Esse é um grande orgulho para mim, principalmente porque esse foi o último seriado do qual ele participou.

Henshin: É verdade que Eiji Tsuburaya faleceu ainda durante a produção da série?


Koji: Ele morreu depois que a série já havia terminado. Foi exatamente entre Ultra Seven e O Regresso de Ultraman. De certa forma, Ultra Seven foi o ápice de todas as produções da Tsuburaya, até por ter sido o último seriado feito antes da morte de Eiji. Lembro que na época todos se esforçavam ao máximo para fazer um trabalho de qualidade, cientes de que o próprio Eiji Tsuburaya participaria da edição final.

Henshin: Como era a convivência com os demais integrantes do elenco?


Koji: Um dos atores que participou de Ultraman fez também Ultra Seven. Era o ator que interpretava Arashi em Ultraman e o Furuhashi em Ultra Seven. Ele disse que o elenco de Ultraman se divertia muito mais, levando o trabalho meio na brincadeira. Segundo ele, nós levávamos muito a sério o trabalho em Ultra Seven. Éramos muito jovens e fazíamos as filmagens mesmo com 40 graus de febre. Trabalhávamos todos os dias. Depois das gravações ainda havia o “after recording”, gravação em estúdio das vozes e sons. Na época, todas as falas do Ultra Seven eram minhas.


Henshin: É verdade que, mesmo após o término de Ultra Seven, você continuou fazendo a voz do Ultra Seven em suas participações nas demais Ultra Séries?


Koji: Sim, fiz só a voz do personagem. Participei de vários filmes novos sem aparecer. Isso também é uma maneira de fazer um marketing, criar mais expectativas para os espectadores. Acho que foi por isso que me chamam para fazer essas participações. Em Ultra Seven 94, Dan Moroboshi não aparece, pois fui chamado para fazer apenas a sua voz.

Henshin: Por que em Ultra Seven o romance entre Dan e Anne era velado? Não seria mais interessante se eles se tornassem um casal de fato?


Koji: Acho que isso se explica pelo fato de Ultra Seven ser um extraterrestre e Anne humana. Por isso, o sentimento de Dan Moroboshi era mais sofrido e ele acaba confessando para ela que é um extraterrestre no episódio final. Esse tom dramático também dava um gosto especial ao seriado.

Henshin: Qual o seu episódio favorito da série original do Ultra Seven?


Koji: Gosto de todos os episódios, mas em especial do último capítulo.

Henshin: Você sabia que três gerações de brasileiros idolatram o seu personagem?


Koji: Não fazia a menor idéia. Nunca recebi cartas do Brasil. Ultra Seven era um programa para o público infantil, mas as crianças não entendiam por completo algumas situações e nuances da série. É uma história de aliens vivendo no nosso planeta, isso antes do Spielberg lançar E.T.. É claro que em uma escala bem menor, até por questões financeiras e de alcance mundial, mas Ultra Seven marcou época. Enquanto em Ultraman as histórias eram bastante simples, Ultra Seven trazia várias questões que as crianças de três ou quatro anos não entendiam bem. Existem mais fãs que descobriram ou redescobriram Ultra Seven nas reprises. Os que assistiram pela segunda vez compreenderam melhor a história e se tornaram ainda mais fãs, entende?!


Henshin: Em Ultraman Leo não há uma explicação que justifique a volta de Seven para a Terra e a entrada de Dan para o MAC?


Koji: Na verdade não há nenhuma explicação mesmo. Acredito que a idéia foi trazer os fãs que gostavam de Ultra Seven de volta, e de fato, muitas pessoas assistiram ao seriado só pelo fato de Dan Moroboshi estar nele. A Tsuburaya veio me convidar para participar de Ultraman Leo e no começo queriam que eu fosse um outro personagem. Eu disse que faria o papel se pudesse ser Dan Moroboshi.

Henshin: O que você achou do reencontro da Anne com Dan em Ultraman Leo?


Koji: A idéia era tornar o episódio mais interessante. No final ficou a dúvida: era a Anne mesmo ou não? Eu acho que não era. Acho também que teria sido melhor se o Dan pudesse ter se convencido de que ela era mesmo a Anne que ele conhecia.

Henshin: O que você achava do uniforme do MAC (laranja e prata)?


Koji: Nossa, ele era muito chamativo. Eu tinha vergonha de usá-lo. A parte prateada brilhava! (risos)

Henshin: Foi sua a idéia de atualizar o visual de Dan Moroboshi nos especiais de Seven, deixando o personagem até com rabinho de cavalo?


Koji: Sim, pensei que seria melhor fazer uma aparição diferente, mostrar a passagem do tempo e as mudanças pelas quais o personagem passou. Até o figurino foi idéia minha. A história começa com Dan Moroboshi voltando à Terra. Por isso pude me libertar um pouco do estilo e visual que o perso-nagem tinha até então. Achei que o cabelo comprido daria um ar mais misterioso. Deixei o cabelo crescer especialmente para fazer o personagem.


Henshin: Por que nas novas produções o eyeslugger demorou tanto para funcionar como na série clássica?


Koji: À risca, ele só funciona como os fãs gostariam de ver na fantástica luta entre Seven e o novo King Joe na penúltima minissérie. As tentativas anteriores foram, no mínimo, constrangedoras. No começo da série clássica, ele não existia. Por acaso, durante as filmagens, a parte superior da máscara caiu. E aí o diretor do episódio teve a idéia de criar o eyeslugger. Ele pensou que daria um movimento interessante e que poderia ser usado como uma arma. Foi assim que o eyeslugger passou a existir. Outra questão interessante é por que ele se chama eyeslugger e não Seven Slugger? Ele veio de Ultra Eye, que era um dos nomes cogitados para o Ultra Seven, e o “eye” juntou com o “slugger” e surgiu o eyeslugger.


Henshin: Como foi a sua participação como o Capitão Ban em Ultraman Zearth 2?


Koji: Essa participação não teve nada a ver com Dan Moroboshi. Utilizaram um nome parecido, Capitão Ban. Os mundos do cinema e da televisão são muito diferentes.

Henshin: Muitos fãs vêm ao seu restaurante?


Koji: Muitos, do país inteiro. Já são mais de duas gerações, pais e filhos que vêm juntos. O problema é que, quando estou fazendo outros trabalhos, não estou aqui, e algumas pessoas vêm três ou quatro vezes e voltam sem me encontrar.
Henshin: Quando você irá visitar o Brasil?Koji: Brasil?! Só me vem a cabeça o café e o carnaval do Rio de Janeiro. Isso depende muito do projeto que me apresentarem. Se eu fosse, gostaria de fazer uma apresentação de que todos gostassem. Provavelmente, levando também o boneco do Ultra Seven, e talvez, um monstro para realizar uma luta ao vivo. Depois, haveria um talk show, sessão de autógrafos e fotografias.


Henshin: Você lembra de alguma história divertida dos bastidores de Ultra Seven?


Koji: Divertida? Não era muito divertido na época. Trabalhávamos muito. Eu acordava às 5 da manhã e geralmente só voltava para casa às 11 da noite. Sem feriados. Era muito puxado. Acho que só pude fazer tudo isso porque era mesmo muito jovem. O mais divertido era encontrar as outras pessoas do elenco. Também era engraçado quando fazíamos as cenas com os monstros. Na verdade, não havia nada. Lutávamos contra o nada, imaginando apenas os olhos do inimigo. Era engraçado de ver. Mesmo as armas que usávamos não tinham efeito nenhum. Ficávamos correndo de um lado para outro, lutando sozinhos e com armas que não faziam nem barulho. Não havia CG e todos os efeitos especiais eram na base da fusão de duas imagens separadas.




Bem turma, esta foi a entrevista. Espero que todos que curtiam a série tenham gostado dela porque eu adorei.Bem, isto é tudo e até a próxima!


Imagem postada(obviamente): Ultraman

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